terça-feira, 26 de abril de 2011

Solidão

De acordo com o pai dos burros, o dicionário, solidão é a condição, o estado de quem estar desacompanhado ou só. Para mim é, essa é uma descrição muito vaga e simplista de um sentimento, ou por que não dizer um estado de espírito, que te coloca em xeque com o principal obstáculo que podemos encontrar em nossa vida: nós mesmos.

Durante séculos a solidão é vista como algo ruim, várias vezes nos perguntam se estamos só e após a resposta afirmativa vem a encorajadora cara de piedade seguida da consoladora exclamação "Ah" estendida por uns sonoros três segundos.

Como todos nós sabemos, seres humanos precisam da certeza/afirmação do outro para existir e, também por isso, ficamos em constante buscar de conviver em sociedade e principalmente do reconhecimento positivo e/ou negativo alheio, conseqüentemente achamos entediante, desnecessário e menosprezante o 'simples' fato de estar só, mas a pior solidão com certeza não é a de estar em um quarto de hotel em uma cidade que pouco conheces em uma terça-feira a noite, e sim, àquela de estar em um bar cercado de 'amigos' e sentir o vazio te correndo a alma, ou então, olhar para o travesseiro ao lado do seu na cama e saber que ali não está o(a) companheiro(a) que você quer ou precisa, é olhar para seus 400 amigos no Facebook ou seus 500 seguidores no Twitter e saber que nenhum deles estará ao seu lado quando um ente querido morrer.

Paulinho da Viola, brilhantemente exemplifica essa solidão na música Dança da Solidão onde disserta qeu "solidão é lava que cobre tudo, amargura em minha boca sorri seus dentes de chumbo... Solidão, palavra cavada no coração, resignado e mudo no compasso da desilusão..." Mas será que é tudo isso de tão ruim?

Einsten era solitário, Beethoven era só, Nietzsche optou pela solidão, Buda encontrou o nirvana sozinho embaixo de uma figueira, assim como Newton descobriu a lei da gravidade enquanto estava apenas consigo mesmo! Sem falar das questões teológicas, como por exemplo, Moisés ele havia subido sozinho o Monte Sinai para conversar com Deus. Olha, na boa? Ainda bem que naquela época não havia IPod, Smart Phone, Tablet e PlayStation, acho que não teríamos história!

Brincadeiras a parte, vejo a solidão como um 'chamado' para voltarmos nosso olhar para dentro, para o nosso âmago, para nossa mente. É um trabalho que nos levará a relembrar todas as vezes que fomos agredidos e agressores, bons e maus, verdadeiros e mentirosos, felizes e tristes, até por que como diria o grande poeta Caetano Veloso "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

Você pode achar que isso é sui generis, mesmo assim convido-o a aproveitar cada momento de solidão que tiver com a pessoa mais importante e maravilhosa e enigmática que existe na sua vida: você mesmo. Com certeza irão aparecer maravilhas nunca antes vistas assim como possibilidades de melhorias e as soluções para ela, mas caso você só veja defeitos tenho o telefone de uma excelente psicóloga que lhe será muito útil!

Bjs e/ou abraços

4 comentários:

Cidinha disse...

É vc tem toda razão...podemos estar no meio de um milhão de pessoas e nos sentir sozinhos, mas aprendi que de vez em quando é ótimo nos dar um tempo, nos dar a chance de recomeçar...para colocar os pensamentos em ordem, enfim um tempo para chamar de seu...

BEIJINHOS

CIDINHA

Ed Soares disse...

Lindoooo demais!! rs.

A cada post admiro mais o teu intelecto, pois é um pouquinho do Victor interno que é declarado a quem lê e isso é coisa bem rara..rs

Andreza disse...

Ameiii!! sensacional.....muito profundo, real e sensato.
Nunca parei pra pensar que as vezes achamos que dependemos de outras pessoas para sobreviver!! sou sua fã...rs

Iann Gabriel disse...

Muito bom man.