Achei um exemplar da revista TPM com a Fernanda Torres na capa esquecido
pelo meu primo dentro de uma mala de viagens e ao ler a entrevista com a atriz da capa
me deparei com a seguinte frase "... é incompreensível a pessoa não
existir mais, não se encontrar em nenhum lugar físico." se referindo ao
pai, o ator Fernando Torres, morto em 2008.
Isso me fez parar para pensar na questão da morte, assunto delicado e
empurrado para baixo do tapete por muitos de nós sendo que mais natural do que
morrer é nascer! Até por que, lógica e óbviamente, não há como fazer o primeiro citado sem ter feito
o segundo!
E após matutar um pouco resolvi colocar aqui minha não concordância com a excelente atriz nesta questão. Diferente dela
acho extremamente compreensível, assim como natural, que as pessoas morram e
não as encontremos mais em uma esquina qualquer ou no quarto no final do
corredor para bater um papo e, a grande sacada para não aceitarmos tão facilmente isso está em três pontos da nossa
criação: o medo da mudança, o medo do desconhecido e o egoísmo!
Veja bem: se fossemos cem por cento adeptos as mudanças em nossas vidas e não
ligássemos quando, sem mais nem menos, alguém mexesse no nosso queijo, não ligaríamos
de alguém ser subtraído fisicamente de nossa vida. Se soubéssemos o que ocorre
no pós-morte estaríamos tranquilos por
que saberíamos para onde leva a estrada da vida. E por último, mas não menos
importante, se não fossemos egoístas (acho esse o principal ponto) ficaríamos sossegadissimos, pois independente do que ocorra ou a pessoa está melhor que nós seja
no céu, no paraíso, no Nosso Lar ou então está onde merece seja no inferno, no
Umbral ou melhor ainda dormindo esperando o julgamento final que talvez um dia
ocorrerá!
Nesse momento você deve estar pensando que é impossível uma pessoa ser tão insensível ou lidar tão
bem assim com a morte, passagem, desencarne ou xpto, mas lhe confesso que sofro também com a partida de qualquer pessoa, mas reconheço que sofro
por egoísmo. Pela falta que aquela pessoa vai me fazer, principalmente por que
somos seres extremamente adaptáveis, ou seja, ninguém morre por conta da morte alheia, pelo
menos desconheço qualquer caso ocorrido na história da medicina.
Mas voltando a defesa de minha ideia: acredito que soframos - perceba que me
inclui - pois realmente sentimos falta da pessoa que partiu e essa falta ocorre
nas pequenas e grandes coisas: a comida que só ela sabia fazer, o barulho de
prazer quando bebericava a caipirinha, a dancinha com a música, o carinho, a
vontade dessa pessoa acompanhar suas conquistas e vitórias e te ajudar a erguer
quando houver derrota. Mas perceba que todos os exemplos são sempre para nós. Só pensamos
no outro que partiu quando aparece o medo do que há no depois de 'bater as
botas'.
Não tenho medo de morrer e nem da morte alheia. Meu único receio é sofrer para morrer ou 'ir dessa
para uma melhor' sem ter feito coisas que eu tenho vontade. Inclusive outro dia ouvi uma frase ótima que é: um dia vou morrer de
tanto viver. E a achei fantástica por que realmente as pessoas deveriam morrer
de tanto viver! Deveriam utilizar esse medo da morte para aproveitar cada vez
mais a vida para que em seu leito de morte as partes do "devia/queria ter
(...)" da música Epitáfio dos Titãs fossem substituídas pelo pronome 'eu' +
o verbo no pretérito perfeito do indicativo. Seria perfeito e as coisas naturais muito mais naturais!
Bjs e/ou [ ]'s
Para você que não lembra a música dos Titãs fica o link:
http://www.youtube.com/watch?v=JdwSveD0m_o
4 comentários:
Ao ler o seu post me emocionei muito, concordo com tudo e acredito que eh um assunto bem delicado, mas que é inevitavel, sds, bjos Sueli
Nossa vi, gostei muito do que li. Muito legal o jeito como vc aborda a morte, eu particularmente tenho muita dificuldade para lidar com o luto, mas gosto muito do assunto. Tem uma coisa muito legal sobre o luto em relação a perda do filho, principalmente pelo idoso. Quando um pai enterra o filho, o processo de luto em grande parte dos casos é patológico. O pai vê injustiça na vida."Não é justo enterrarmos um filho que viveu menos que a gente. Será que alguma coisa saiu errado?" O luto em parceiros idosos também é um mundo a parte e precisa de um acompanhamento de perto da família, já que o idoso geralmente tem uma grande perda nas suas redes sociais durante a vida. Enfim, adorei o tema e adorei o texto. Muito bom. Parabénsne
Meu aplauso!
Acho que tão ruim quanto é quando alguém lhe subtraído fisicamente ainda vivo. você o pode ver em qualquer esquina mas não poderá ter novamente o que teve, fica só a vontade ou o desejo do que não foi. Iso também é egoísmo pois não se pensa muito que se a pessoa saiu de sua vida teve um motivo, e então ela tbm foi egoísta pois não pensou muito em você.....rs, que bando de egoístas kkkk Mas....o ser humano vem com um plus de fábrica que é resiliência, às vezes demora um pouco mas sempre superamos.
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