terça-feira, 30 de agosto de 2011

Claro e Escuro

Toda moeda tem dois lados! Sim, esse velho provérbio (se é que é um) é verdadeiro, além do que ambos lados merecem ser vistos e vividos.

Ver/viver isso é aceitar que todos têm os dois lados inclusive nós e este é o princípio da dualidade representado muito bem pelos chineses pelo Yin-Yang cujo símbolo é o diagrama do Taiji (aquele circulo preto e branco, lembra?) onde Yang (branco) e Yin (preto) integrados num movimento contínuo de geração mútua representam a interação das forças da natureza, da mente e do físico.

Mas porquê temos tanto medo de sentir as coisas? Por que muitas vezes nos limitamos a fugir dos sentimentos que nos permeiam transferindo-os, limitando-os ou limando-os? Melhor ainda, como posso ser alegre se nunca fui triste ou então amar se nunca odiei?

Na boa? Essa fuga só te priva de amadurecer, você não vive suas emoções e sentimentos, ou seja, não constroe o seu 'eu'. Não há como se conhecer sem saber como são suas emoções (intrínsecas a cada você) e como lidamos com elas! Sem contar na não valorização dos sentimentos ditos como bons por que não conhecemos os que são considerados ruins!

Mario de Andrade no conto 'O Espelho' retrata muito bem essa busca da identidade humana através da dualidade do ser, onde um sujeito ao se olhar pela primeira vez no espelho desde que a solidão o dominou e lhe é estampado "a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra", ou seja, o pior dele. Sua primeira intenção é fugir, mas ao lembrar-se de sua idéia inicial que era achar-se um e dois ao mesmo tempo resolveu vestir-se com a farda de alferes e olhar de novo no espelho para, ai sim, o vidro reproduzir "então a figura integral; nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a alma exterior".

Uma coisa que aprendi (e recomendo) é a não me opor ao que sinto, a deixar que esses sentimentos loucos, insanos e intensos tomem conta de mim e com isso consigo me tornar indiferente a muitas coisas ou pessoas. Sim amigo leitor, sou apático, insensível, negligente a coisas/pessoas que me causaram perturbações e roubaram noites de sono! E nada melhor que essa sensação para me permitir viver mais e amadurecer cada um dos sentimentos que tenho.

Hoje sou feliz, amo, admiro, compreendo com maior intensidade e verdade, isso devido a me conhecer melhor e assim procurar entender o que o outro está sentindo.

Tenho relatos práticos disso, por exemplo, a dualidade de em um momento estar completamente apaixonado e no outro coberto de ódio é que permitiu aprimorar meu filtro com relação a relacionamentos. Ou então, a questão de estar iludido com um objetivo que parece estar a um passo de ser conquistado e de repente a decepção é voraz, e assim, controlei a ansiedade (ou parte dela).

Se permitir a sentir os dois lados da moeda é 'sinônimo' de viver, é colocar em prática o carpe diem citado por Horácio, no poema Odes, que é utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.

Quando somos permissivos a nós e entendemos/respeitamos a nossa dualidade temos como conseqüência a nossa essência - ser racional - e conseguimos viver vencendo paradigmas e respeitando sempre as diferenças e a igualdade que existe em cada um!

Bjs e/ou abraços!

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