sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Feio o que não é espelho!


Caetano Veloso na música Sampa diz sabiamente que o problema "é que Narciso acha feio o que não é espelho", ou seja, tudo aquilo que não lhe é natural desperta a sensação de feiura e estranheza, mas quando você se dá a oportunidade de conhecer e entender consegue fazem como os novos baianos que começaram a passear na garoa dessa nova cidade e puderam curti-la numa boa.

Acredito muito que o preconceito - foco central deste post - nasce da junção desse sentimento instintivo de achar feio o que não é familiar, unido ao medo do que é novo e a falta de conhecimento sobre o objeto pré-conceituado.

O que vou lhe dizer, caro leitor, pode ser difícil de aceitar mas é necessário! Vamos lá: você faz parte de, no mínimo, um grupo que sofre ou já sofreu algum tipo de preconceito, sejam eles de afrodescendes, homossexuais, estrangeiros, interioranos, ricos, mulheres, idosos, corinthianos, loiras, feios, altos, gordos, ruivos, advogados, espiritas entre muitos outros. Por isso, pegue esse grupo a qual você faz parte e tente entender o porquê existe esse preconceito com relação a você. Bem complexo e difícil de aceitar e entender, não é? Até por que, com certeza, você se acha tão legal e interessante! Como alguém em sã consciência pode não aceitar e gostar de você!

Agora outra verdade incontestável que você também poderá negar e se assustar quando enxergá-la é: você também tem preconceito(s)! Não confunda tolerância com falta de preconceito, pois são coisas distintas e extremamente independentes. Se todos fosses tolerantes não teríamos atos de violência psicológica e física contra ninguém e se não existisse preconceito não precisaríamos ser tolerantes.

Aurélio - o maior pai dos burros brasileiro - nos ensina que tolerância é a "disposição de admitir, nos outros, modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos: na vida social, a virtude mais útil é a tolerância." e que preconceito é "forma de pensamento na qual a pessoa chega a conclusões que entram em conflito com os fatos por tê-los prejulgado. O preconceito existe em relação a quase tudo e varia em intensidade da distorção moderada a um erro total."

Com isso percebemos que muito do nosso preconceito é velado pela tolerância - o que não é ruim - mas algumas vezes podemos deixar sair pela nossa boca comentários esdrúxulos e principalmente de mau gosto contra algo que nos é diferente e nos causa medo, inveja e/ou superioridade. E nesse caso sou a favor da frase usada pela jornalista Sandra Annenberg: “Que deselegante!”.

Mas para mim, o pior preconceito é exatamente esse velado, onde as pessoas dizem aceitar determinado modo de vida ou característica, mesmo por que para aceitar algo é necessário julgá-lo e isso já é um preconceito, o que as pessoas precisam fazer é simplesmente respeitar e conviver naturalmente com as diferenças, seja ela qual for!

Há alguns casos em que esse preconceito velado vem em forma até do politicamente correto, que inclusive há anos está na moda, nessa categoria englobo tudo o que é taxado como preconceituoso até por que palavras não são preconceituosas, mas as atitudes são!

Sou extremamente contra as cotas, para mim elas são um dos tipos mais fortes de preconceito! Acho um absurdo distribuir cotas em Universidades de acordo com raças, a meu ver, e dou total liberdade para me corrigirem se estiver errado, é uma forma de dizer: vocês não tem capacidade de passar em uma Universidade por si mesmo então vamos colocar cotas. O correto seria dar educação de qualidade para toda nação - direito constitucional, inclusive - e não tapar o sol com a peneira e, pior ainda, utilizando de discriminação. Palavra que o mesmo Aurélio define (me dando apoio na conclusão desse paragrafo) como "ação de discriminar; separação; distinção; discernimento. Discriminação racial, tratamento diverso dado a pessoas de raças diferentes; segregação."

Acredito que o preconceito diminuirá assim que as pessoas começarem a olhar para si e ver o quanto de diferente e estranho há dentro de nós mesmos e o quanto podemos ser pré-julgados por conta disso. A humildade e o respeito levarão a todos um maior entendimento do self para que depois consigamos olhar para o próximo e ver tudo aquilo que de bom ele tem ou simplesmente não olhar nada sem um olhar julgador sabendo inclusive que antes de qualquer rótulo o julgado é um ser humano por essência, ou seja, igual a qualquer outro inclusive a mim.

6 comentários:

Anônimo disse...

Excelente.... só acho que devia atualizar com mais frequência hehehhe

abçs Blauth

Anônimo disse...

Obrigada por lembrar dos advogados!!!
Sim, eu sou advogada, mas não defendo criminoso (por mais que afirme que todos têm direito a defesa), não roubo meus clientes e não minto muito! hahhaa

Beijos!
Maireca

Anônimo disse...

Concordo em gênero, número e grau !!!

Abs VHM !!!

Marco Fonseca

Sasá disse...

Adorei, mais um texto ótimo!!!
Parabéns.

Bjos,
Sabrina

Anônimo disse...

Sem Comentarios....maravilhoso...Como tudo o que sempre esperei de Ti!!

MARCOS PINHEIRO disse...

Concordo que os diversos grupos citados no texto sofram preconceitos inclusive dentro dos próprios pares, ex: no grupo dos homossexuais exite uma discriminação com os afeminados, travestis, etc, como se fossem menos que os "ativos".
Acredito que a melhor maneira se se combater o preconceito não é o ataque, o que só aumneta a distância, mas a convivência comum, diária, respeitosa.
Parabéns pelo tema e pelo texto!
Abçs!!!