domingo, 13 de novembro de 2011

Desabafo

Muitas vezes me pego pensando em tudo que imaginava para minha vida nesses 28 anos e é estramente engraçado e esquisito como tudo não se concretizou. Não que isso seja ruim, não é esse o ponto.

Primeiro por que uma coisa que aprendi graças à humildade e simplicidade dos meus pais é que o mais importante era buscar sempre ser feliz e que isso poderia estar em todos os momentos. Nessa visão macro da vida tive bastante sucesso, mas por outro lado fico lembrando-me dos sonhos que aquela criança - que habita minha memória e história - tinha para sua vida e o projeto que o adolescente traçou e, como nada disso é do jeito que foi imaginado.

Não sonhei em fazer faculdade de turismo, em trabalhar com call center, em ainda estar solteiro e morando com meus pais. Não projetei em não conhecer o mundo todo e nem em estar com índice de massa corporal em 18 ao invés do 12 que são esteticamente aceitos. E o mais interessante disso é que tudo é que absolutamente tudo foram minhas escolhas e o que vivo/sou hoje é pura consequência delas.

Tem muita coisa que quero mudar na minha vida, quero me formar em psicologia, trabalhar clinicando e dando aula, estar namorando/casado e morando sozinho, além de conhecer o mundo todo e com índice de massa corporal em 15 que é considerado saudável.

Toda vez que penso nisso e em como vou fazer para chegar lá me dá um frio enorme na barriga e um medo enorme de daqui 28 anos, ou seja, aos 56 anos estar sentado em algum lugar e pensando em tudo o que o jovem de 28 anos planejou para sua vida e que não realizou por todas as necessidades momentâneas que o fizeram fazer escolhas e mudaram o percurso da vida.

Com esse vazio no estômago lembro-me do lado árduo e difícil de ser humano: nós pensamos! Esse ato venerável e diferenciador nos leva a analisar opções e escolher uma. Diferente do leão que está lá na selva e quando sente fome ele caça e come, quando sente sono ele procura uma sombra e dorme, quando sente o cheiro do cio vai lá e procria – aviso que não acho isso o ideal mas é o mais fácil.

Faço esse desabafo não como uma reclamação, depressão ou desolamento com o mundo, mas sim um compartilhamento de uma dificuldade intrínseca e natural, que vejo em mim e ao meu redor. Até por que por mais que não tenha feito o que aos 10 anos sonhei e aos 17 planejei eu tenho total consciência de que a “culpa” foi minha, não foi por que Deus quis ou por que estava em meu destino e, simplesmente, por que eu optei por ser diferente de tudo o que queria.

Oswaldo Montenegro nos sugere em uma música* que façamos uma lista dos sonhos que tínhamos e quantos desistimos de sonhar e questiona onde é que ainda nos reconhecemos se é na foto passada ou no espelho de agora e se hoje é do jeito que achou que seria.

Doloroso responder essas perguntas, mas quando conseguimos encarar que somos aquilo que quisermos ser fica mais fácil aceitar a nossa delicia e a nossa dor e poder correr atrás do que realmente precisamos e nos fará bem, sendo que dessa vez mais munido de maturidade, confiança e destreza.

Aí não importa que você já seja formado, casado, com filhos e já tenha conhecido o mundo. Dane-se se você vai na missa/culto/terreiro todas as semanas. Tanto faz o quanto você já gastou de tempo até aqui. Seja responsável pelos seus sonhos, na conquista ou não deles, e facilite a vida para seus objetivos, pois realmente nunca é tarde ou cedo para correr atrás e oportunidades agente cria, assim como as desculpas e a maioria das dificuldades (adendo: este último adjetivo referê-se principalmente nos relacionamentos amorosos).

O importante mesmo é que sempre possamos nos lembrar de que independente de tudo, tivemos e temos a chance de fazer o que queremos e que independente de tudo houveram momentos bons e felizes.

Quando fizermos uma lista de grandes amigos com os que mais víamos há dez anos atrás saberemos que por mais que não os vejamos mais todo dia ou nem os encontramos mais, isso aconteceu e pronto, mas que vieram outros e todos foram bons e importantes e que depende de nós dar o primeiro passo para que possamos voltar a vê-los mesmo não sendo todos os dias pois já não somos mais os mesmos! A mesma coisa com tudo o que ocorreu e o que ainda está por vir.

Bjs e/ou abraços

*A Lista - Oswaldo Montenegro (http://www.youtube.com/watch?v=mJ-28ZiiExw)

Nenhum comentário: